Famílias de pacientes que fazem o uso de canabidiol (CDB), principal componente não psicoativo da cannabis, conhecida popularmente como maconha, estão com a esperança de ter o acesso ao medicamento facilitado. Isso porque a Justiça Federal em Mato Grosso permitiu a uma família o cultivo da planta para a extração do óleo medicinal. Há quem, inclusive, já demonstre interesse em pleitear o plantio.
Esperança de ter o acesso ao medicamento facilitado e um estigma enfraquecido. É assim que se sentem as famílias de pacientes que fazem o uso de canabidiol (CDB), principal componente não psicoativo da cannabis, conhecida popularmente como maconha. Isso porque a Justiça Federal em Mato Grosso permitiu a uma família o cultivo da planta para a extração do óleo medicinal. Há quem, inclusive, já demonstrou interesse em pleitear o plantio. É o caso de Salete Mees, 51.
Desde 2015, o filho dela, Breno Henrique Mees Corcini,10, é medicado com o CDB. O menino é portador da síndrome de Angelman e o uso do canabidiol foi prescrito depois de uma forte crise convulsiva. A dona de casa lembra que em setembro daquele ano, teve um dia que Breno convulsionou das 17h30 até as 23h30. Depois, entrou em coma por dois meses. Salete relata que passou por momentos de desespero e apreensão.
Anos antes ela já tinha questionado a médica do filho sobre o uso do CDB porque os remédios à época causavam muitos efeitos colaterais ao menino. A profissional se preocupou com a questão da importação e o risco de interrupção do tratamento e não receitou a substância. A decisão favorável pela prescrição veio após a grave crise. Desde então, a qualidade de vida da criança melhorou, teve apenas uma crise convulsiva mais rápida e de fácil controle, as micro-crises de repuxo na face e os tremores nas mãos acabaram. As noites, que antes era de apenas algumas horas de sono, passaram a ser de descanso total. Breno utiliza 15 seringas medicamentosas por mês e cada uma custa U$ 199.
Primeiramente, a família, que mora em Santa Rita do Trivelato (445 km ao norte de Cuiabá) conseguiu que o Estado custeasse metade do tratamento. O restante ainda ficava a cargo da dona de casa e o marido Antonio Corcini, que trabalha como motorista de uma loja de móveis, que se desdobravam para suprir a necessidade do filho. Depois, a responsabilidade passou a ser integralmente do poder público.
A compra deveria ser de 180 seringas. A aquisição foi feita no ano passado, mas ficaram faltando 45 seringas que deveriam ter sido entregues no final de 2019. Enquanto isso, Salete vai se adaptando e dosando o medicamento restante até a nova aquisição. Uma nova autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a importação está em andamento. O processo foi iniciado em novembro do ano passado.